SISTEMA DE ATIVIDADE DE ARTESANATO E SUA RELAÇÃO COM A ECOSSOCIOECONOMIA URBANA: O CASO DA FEIRA DO LARGO DA ORDEM EM CURITIBA-PR

Fabíola Bevervanço Zdepski

Resumo


O pensamento ecossocioeconômico inova pelas especificidades que assume em diferentes campos do conhecimento, mormente pela associação de teorias e bases conceituais a partir de novos olhares para compreender a realidade. Com contribuições teóricas para a ecossocioeconomia baseadas na teoria da atividade, o presente artigo visa caracterizar o contexto social do sistema de atividade de artesanato da Feira do Largo da Ordem em Curitiba. O objetivo é analisar como a Ecossocioeconomia Urbana reflete em práticas de artesanato em uma perspectiva sociocultural e histórica. Metodologicamente, utilizou-se de observação direta (filmagens, gravações e entrevistas) das atividades e práticas de artesãos, com posterior uso do procedimento de autoconfrontação simples para instigá-los a refletir sobre suas atividades. Os resultados evidenciam que: (I) os cinco princípios da Teoria da Atividade estão associados com a ecossocioeconomia; (II) o aprendizado expansivo dos artesãos ocorre por co-configuração dinâmica do trabalho, por apropriação e transformação de conceitos, ferramentas e tecnologias; (III) o sistema de atividade é coletivo e orientado para o objeto mediado por instrumentos ou artefatos culturais; (IV) as contradições são fontes de mudanças e de desenvolvimento em e entre sistemas de atividade, e; (V) que, na perspectiva da ecossocioeconomia, as feiras livres urbanas são arranjos socioprodutivos estruturados com tessitura reticular. Conclui-se que, a exemplo da teoria da atividade, a ecossocioeconomia emerge do mundo da vida e do trabalho, em que os problemas e suas soluções acontecem por experimentações implexas na complexidade do cotidiano e em meio a contradições de mudanças paradigmáticas para superar as limitações do utilitarismo econômico por novas racionalidades.


Palavras-chave


Ecossocioeconomia; Teoria da Atividade; Sistema de Atividade; Aprendizagem Expansiva; Artesanato.

Texto completo:

PDF

Referências


BENNETT, NATHAN JAMES; LEMELIN, RAYNALD HARVEY. Situating the eco-social economy: conservation initiatives and environmental organizations as catalysts for social and economic development. Community Development Journal, May 16, 2013. 2013.

COLLET, SERGE. Halieutical commons in the Mediterranean: holistic and engendered governance forms for eco-social development pathways. Social Science Information, v.45, n.3, September 1, 2006. p.411-430. 2006.

CROCCO, MARCO; GALINARI, RANGEL; SANTOS, FABIANA; LEMOS, MAURO BORGES; SIMÕES, RODRIGO. Metodologia de identificação de arranjos produtivos locais potenciais: uma nota técnica. Belo Horizonte: Cedeplar/UFMG, 2003, Acesso, Accessed.

DUARTE, JOÃO-FRANCISCO, JR. O sentido dos sentidos: a educação (do) sensível. Curitiba: Criar Edições, 2001. 225 p.

ENGESTRÖM, YRJÖ. Learning by expanding: an activity-theoretical approach to developmental research. Helsinki: Orienta-Konsultit, 1987. 368 p.

ENGESTRÖM, YRJÖ. Expansive Learning at Work: Toward an activity theoretical reconceptualization. Journal of Education and Work, v.14, n.1, 2001/02/01. p.133-156. 2001.

ENGESTRÖM, YRJÖ. Aprendizagem por expansão na prática: Em busca de uma reconceituação a partir da teoria da atividade. Cadernos de Educação, v.11, n.19. p.31-164. 2002a.

ENGESTRÖM, YRJÖ. Como superar a encapsulação da aprendizagem escolar. In: Harry Daniels (Org.). Uma introdução a Vigotski. São Paulo: Loyola, 2002b. p.175-198.

ENGESTRÖM, YRJÖ. Activity Theory and Learning at Work. In: Margaret Malloch; Len Cairns; Karen Evans ; Bridget N. O'connor (Org.). The SAGE Handbook of Workplace Learning. London: Sage, 2011. p.86-104.

ENGESTRÖM, YRJÖ. Learning by expanding. 2nd ed. New York: Cambridge University Press, 2014. 338 p.

ENGESTRÖM, YRJÖ; SANNINO, ANNALISA. Studies of expansive learning: Foundations, findings and future challenges. Educational Research Review, v.5, n.1, 2010/01/01/. p.1-24. 2010.

FAÏTA, DANIEL. La conduite de TGV : Exercices de styles. Champs visuels, v.6. p.122-129. 1997.

FAÏTA, DANIEL; VIEIRA, MARCOS. Réflexions méthodologiques sur l'autoconfrontation croisée. DELTA: Documentação de Estudos em Lingüística Teórica e Aplicada, v.19. p.123-154. 2003.

FERNANDES, VALDIR; SAMPAIO, CARLOS ALBERTO CIOCE. Formulação de estratégias de desenvolvimento baseado no conhecimento local. RAE eletrônica, v.5, n.2. 2006.

GARCIA, MANON; SAMPAIO, CARLOS ALBERTO CIOCE; GONZÁLEZ, ALEJANDRO DANIEL ; SILVA, LUAN CARLOS SANTOS; FACÓ, RENATA TILEMANN. Ecosocioeconomics and logistics of urban delivery: Sustainability indicators. Espacios, v.36, n.16. p.18. 2015.

GRIMM, ISABEL JUREMA; FREDER, SCHIRLEI MARI; SAMPAIO, CARLOS ALBERTO CIOCE; PROCOPIUCK, MARIO. Arranjos socioprodutivos de base territorial: Uma análise das feiras livres comunitárias na cidade de Curitiba. In: VI Encontro de Turismo de Base Comunitária e Economia Solidária. Salvador, 2016.

GRIMM, ISABEL JUREMA; SAMPAIO, CARLOS CIOCE; PROCOPICK, MARIO. Encadeamento ecossocioeconômico e gestão urbana: um estudo das feiras livres na cidade de Curitiba (PR). Novos Cadernos NAEA, v.21, n.1. p.35-56. 2018.

JOENK, INHELORA KRETZSCHMAR. Uma Introdução ao Pensamento de Vygotsky. Revista Linhas, v.3, n.1. p.1-12. 2002.

KAPP, KARL WILLIAM. The social costs of business enterprise. Nottingham: Spokesman Books, 1963. 343 p.

KITCHEN, LAWRENCE; MARSDEN, TERRY. Constructing sustainable communities: a theoretical exploration of the bio-economy and eco-economy paradigms. Local Environment, v.16, n.8, 2011/09/01. p.753-769. 2011.

KUSUMARINI, YUSITA; EKASIWI, SRI NASTITI NUGRAHANI; FAQIH, MUHAMMAD. Sustainable Interior: A Holistic Approach of Eco-Socio-Econo Interior. Australian Journal of Basic and Applied Sciences, v.5, n.12. p.2176-2181. 2011.

LIMA, RICARDO GOMES. Programa Um Salto para o Futuro. Artesanato e arte popular: duas faces de uma mesma moeda? TVE do Rio de Janeiro: TVE, 2009, Acesso: http://www.cnfcp.gov.br/interna.php?ID_Secao=96, Accessed.

MANNING, PETER K.; CULLUM-SWAN, BETSEY. Narrative, Content and Semiotic Analysis. In: Norman K. Denzin ; Yvonna S. Lincoln (Org.). Handbook of Qualitative Research. Thousand Oaks: Sage, 1994. p.463-478.

MÉSZÁROS, ISTVÁN. Para além do capital: rumo a uma teoria da transição. São Paulo: Boitempo, 2011. 1102 p.

PEREIRA, JOSÉ CARLOS DA COSTA. Artesanato: Definições, Evolução e ação do Ministério do Trabalho: o programa nacional de desenvolvimento do artesanato. Brasília: MTB, 1979. 153 p.

PROCOPIUCK, MARIO; SAMPAIO, CARLOS ALBERTO CIOCE; FREDER, SCHIRLEI MARI; ROSA, ALTAIR. Feiras urbanas livres em Curitiba: análise sob a perspectiva da ecossocioeconomia. In: Simposio Internacional: Espacios en movimiento el pasado y el futuro de las estructuras urbanas y rurales. Varsovia: Departamento de Geografía del Desarrollo y Planeación Espacial de la Facultad de Geografía y Estudios Regionales de la Universidad de Varsovia, 2017.

ROESLER, ANEROSE; MAIOLI, MARCOS ROGÉRIO; ENGELMANN, ADEMIR ANTÔNIO. A feirinha do Largo da Ordem: Um Evento Popular de Curitiba. In: II Fórum Internacional de Turismo do Iguassu, 25 a 28 de junho. Foz do Iguaçu, 2008.

SACHS, IGNACY. Studies in Political Economy of Development. Oxford: Pergamon Press, 1980. 316 p.

SACHS, IGNACY. Ecodesenvolvimento: crescer sem destruir. São Paulo: Vértice, 1986. 208 p.

SACHS, IGNACY. Rumo à ecossocioeconomia: teoria e prática do desenvolvimento. São Paulo: Cortez, 2007.

SACHS, IGNACY. La troisième rive. A la recherche de l’écodéveloppement. Paris: Bourin Éditeur, 2008. 400 p.

SACHS, IGNACY. Entering the Anthropocene: The Twofold Challenge of Climate Change and Poverty Eradication. In: François Mancebo ; Ignacy Sachs (Org.). Transitions to Sustainability. Dordrecht: Springer, 2015. p.7-18.

SAMPAIO, CARLOS ALBERTO CIOCE. Gestão que privilegia uma outra economia: ecossocioeconomia das organizações. Blumenau: EDIFURB, 2010. 128 p.

SAMPAIO, CARLOS ALBERTO CIOCE ; FERNANDES, VALDIR ; ETXAGIBEL, JOSEBA AZKARRAGA ; GABILOND, LARRAITZ ALTUNA. Revisitando a experiência de cooperativismo de Mondragón a partir da perspectiva da ecossocioeconomia. Desenvolvimento e Meio Ambiente, v.25. p.153-165. 2012.

SAMPAIO, CARLOS ALBERTO CIOCE; DALLABRIDA, IVAN SIDNEY. Ecossocioeconomia das organizações: gestão que privilegia uma outra economia. Revista da FAE, v.2. p.17-33. 2009.

SAMPAIO, CARLOS ALBERTO CIOCE; DALLABRIDA, IVAN SIDNEY; MONTOVANELLI, OKLINGER, JR. Educação para o ecodesenvolvimento como estratégia de desenvolvimento territorial sustentável: uma primeira aproximação. In: Seminário Internacional de Desenvolvimento Regional. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2011.

SAMPAIO, CARLOS ALBERTO CIOCE; PROCOPIUCK, MARIO; GRIMM, ISABEL JUREMA; FREDER, SCHIRLEI MARI; SILVA, FRANCISCA PAULA SANTOS; FIGUEIREDO, SILVIO LIMA. Ecossocioeconomias urbanas: arranjos socioprodutivos, autogestão comunitária e desenvolvimento territorial sustentável. Novos Cadernos NAEA, v.21, n.2. p.9-31. 2018.

SANTOS, MILTON. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção. 4ª ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006. 259 p.

YING, LI; BEN, LIU. Research on the Eco-Socio-Economy Synergetic Development of Urban Forestry under E-government Affairs. In: 2010 International Conference on E-Business and E-Government, 7-9 May 2010, 2010. p.551-554.

ZANELLA, ANDRÉA VIEIRA; LESSA, CLARISSA TERRES; DA ROS, SÍLVIA ZANATTA. Contextos grupais e sujeitos em relação: contribuições às reflexões sobre grupos sociais. Psicologia: Reflexão e Crítica, v.15, n.1. p.211-218. 2002.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Direitos autorais 2021 Revista Innovare - ISSN 2175-8247